quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Lembranças de Minha Infância



LEMBRANÇAS DE MINHA INFÂNCIA (Lies My Father Told Me, 1975, 102 min)
Produção:
Canadá
Direção: Jan Kadár
Roteiro: Ted Allan
Elenco: Yossi Yadin, Len Birman, Marilyn Lightstone, Jeff Lynas, Ted Allan, Henry Gamer.

“Lembranças da Minha Infância” (1975) é sobre o amor entre um garoto e o seu avô. David (Jeffrey Lynas) vive em Montreal, Canadá, no começo do século XX e adora acompanhar seu avô, a quem ele chama de “Zaida” (Yossi Yadin), enquanto este percorre a vizinhança com sua carroça comprando quinquilharias para revender. A família é pobre, porém a mãe de David (Marilyn Lightstone) é amorosa, e o pai (Len Birman) está sempre inventando produtos “inovadores” e tolos para ficar rico. Quando a visão de mundo pragmática do seu pai entra em confronto com os ensinamentos e a devoção religiosa do avô, David se vê dividido e incapaz de compreender o mundo dos adultos.

O filme, uma produção canadense, foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. O bom roteiro de Ted Allan pode não ser a mais inovadora das histórias, mas serviu de base para um drama comovente cujas maiores qualidades realmente são o elenco (todos atores desconhecidos) e a direção pouco intrusiva e naturalista do húngaro Ján Kadár. O diretor, que faleceu poucos anos após o lançamento de “Lembranças...”, teve uma história de vida trágica: Kadár perdeu a família no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Essa experiência o ajudou a realizar seu filme mais conhecido, “A Pequena Loja da Rua Principal” (1965), vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro em 1966. O que começava como uma comédia se transformava ao longo da narrativa, num sombrio drama/suspense sobre o Holocausto e a natureza humana. O diretor traz uma pegada semelhante a “Lembranças...”, porém neste filme são a bondade e a sabedoria do avô que permanecem com o espectador e não o lado sombrio de “A Pequena Loja”.

A encenação de Kadár é tão simples que o espectador se sente como se estivesse realmente vendo um documentário sobre uma família judia. E a imagem do garotinho David, na carroça com seu avô cantando Rags, Clothes and Bottles, a canção-tema do filme, fica na memória de quem assistir a esse filme, hoje em dia pouco visto e lembrado. A indicação pelo roteiro foi, afinal, merecida, e Kadár provavelmente também teria sido lembrado, não fosse o ano de 1975 ter sido tão repleto de concorrentes de peso.

INDICAÇÃO:
- Melhor Roteiro Original: Ted Allan

por Ivanildo Pereira

Um comentário:

Guilherme Z. disse...

Não conhecia esse filme. Parece ser bom. Continue redescobrindo estes tesouros esquecidos do Oscar.