quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Não Estou Lá



NÃO ESTOU LÁ (I’m Not There, 2007, 135 min)
Produção:
Estados Unidos | Alemanha
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Tdd Haynes e Oren Moverman
Elenco: Cate Blanchett, Ben Whisaw, Christian Bale, Richard Gere, Marcus Carl Franklin, Heath Ledger, Julianne Moore, Kris Kristofferson, Charlotte Gainsbourg, Michelle Willians, Jennifer Era Westley, Bruce Greenwood.

O cantor e poeta americano Bob Dylan foi (e continua sendo) um artista realmente mutante, tendo sido capaz de reinventar diversas vezes ao longo das décadas. Por isso mesmo, o sempre ousado e inventivo cineasta Todd Haynes, fanático por Dylan, resolveu fazer um filme sobre seu ídolo completamente diferente da tradicional cine-biografia que vemos por aí. Haynes chamou seis atores para dar vida às diferentes facetas de Dylan, forneceu à maioria deles sua própria linha narrativa dentro do filme, e acabou com um mosaico, um quebra-cabeças que, ao ser experimentado pelo espectador, poderia dar a ele uma visão ampla deste artista multifacetado.

Assim, em “Não Estou Lá” (2007), o pequeno Marcus Carl Franklin vive Woody, inspirado no músico negro Woody Guthrie, forte influência para Dylan; Christian Bale vive Jack, que representa Dylan na sua fase “religiosa”, por assim dizer; Ben Whishaw surge para representar o poeta Arthur Rimbaud, outra grande influência para o cantor; Richard Gere faz uma versão do mito Billy The Kid; Heath Ledger dá vida à faceta de ator de Dylan; e ninguém menos que Cate Blanchett interpreta Jude na fase mais controversa da carreira do cantor, quando ele adotou a guitarra elétrica e provocou a ira de seus fãs de longa data. 

É um projeto ambicioso e com muitas qualidades, mas que nem sempre funciona. O segmento com Billy The Kid, por exemplo, não adiciona muito, embora essa figura tenha sido importante para Bob Dylan, que até participou do faroeste “Pat Garrett & Billy the Kid” (1973) – para o qual ele compôs sua famosa canção “Knocking on Heaven’s Door”. O tom das interpretações varia, também: Bale é todo Método e sério, enquanto Gere é mais solto. Mas ninguém discute a fenomenal interpretação de Cate Blanchett, que resultou na única indicação ao Oscar do filme, na categoria Atriz Coadjuvante. O seu segmento no longa é esteticamente inspirado em “8 e ½” (1963) de Federico Fellini, e a atuação dela é incomum, captando os trejeitos de Dylan, acompanhada de uma caracterização precisa. De fato, a atuação de Cate Blanchett acaba sendo a maior qualidade de “Não Estou Lá”, um projeto curioso, praticamente experimental, e que não se parece com nenhum outro filme na história do cinema.  

INDICAÇÃO:
- Melhor Atriz Coadjuvante: Cate Blanchett

por Ivanildo Pereira

Nenhum comentário: